segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

Para 2022

 Para a Barbara do futuro que irá encontrar nesse texto, nostalgia, conforto ou o que precisar.

O ano de 2022 iniciou com uma esperança de mudança, que, infelizmente não veio. Quer dizer, veio parcialmente, de forma totalmente inesperada.

 A Fernanda estava drenando toda minha força e vontade de viver, ela me fez temer coisas que eu jamais tinha temido antes. Ela me fez criar inseguranças que antes não me incomodavam. Ela me fez chorar mais vezes do que eu sou capaz de me recordar.

Eu não a aguentava mais, eu precisava sair, eu precisava me curar dela. Infelizmente o emprego que eu precisava pra me livrar dela não veio. O que veio, ao invés, foi o Red Ballon.

O Red Ballon desbloqueou em mim o que faltava pra eu surtar. Como a Fernanda ja era algo que eu queria cortar da minha vida a muito tempo, no surto, ela foi a primeira coisa que eu pensei, enxerguei e quis aniquilar de mim.

Lá estava eu, fazendo tudo o que minha ansiedade mais temia e me destruía. Dia 01 de Junho eu pedi demissão, sem nenhuma perspectiva de outro emprego, de outra proposta, de algo que fosse tapar o buraco.


Eu só fui, e o mundo me abraçou.


No final de julho, quando as esperanças já estavam quase morrendo afogadas, o Colégio, que me contratou tão rapidamente quanto apareceu, me fez mudar minha vida do avesso.

Em pleno Agosto EU ME MUDEI. Minha casa mal estava pronta, faltam todas as coisas possíveis, porém eu estava lá, eu não tinha escolha. O colégio era muito longe do Itaim, longe até aqui.

Eu sofri, eu chorei. A solidão me atravessou, me penetrou. O medo, medo do desconhecido, medo de perder meus pais, de não fazer mais parte da vida deles, medo de não dar conta de estar sozinha, de não ter com quem contar, pra quem pedir favores.

E eu chorei, cada vez que eu ia embora da casa dos meus pais, cada vez que eles iam embora da minha casa. Nos dias a noite que eu mandava mensagem pra eles. Aquele aperto horrível. Ele me tomou inteira. E eu chorei.

Tive que lidar com diversas questões em mim, que agora, estavam escancaradas em minha frente. Eu estava sozinha, nada mais poderia me distrair de lidar com elas.

Até porque, a solidão e todo aquele tremor, vinham de algum lugar em mim que eu escondi e fingi que não existiam.

Os podcasts me ajudaram muito a encontrar companhia, conforto, respostas, reflexões e principalmente, encontrar a mim mesma. Me reaproximar das minhas amigas de infância, estar lá com elas num momento que elas precisavam e eu também. Isso fortaleceu muito. Afinal, a dor une.

Passei, não por vontade própria, a caminhar mais, pensar mais. Ouvir musicas que preenchiam meu coração. Tudo isso me ajudou muito a me acalmar, a me encontrar.

Voltei a ler, isso me ajudou a fugir das coisas que eu não queria pensar. Li a Seleção todinha, A herdeira, a série acotar, li um livro smut em inglês e bem duvidoso.

Fui obrigada, sem querer e paralisada de medo, a comprar e dirigir um carro. Corrida contra o relógio. 

Agosto iniciou-se com um surto, setembro se arrastou-se adaptando-se, outubro tudo era calmo, e assim foi novembro e dezembro.

Auto descoberta, auto conhecimento.   

 Nesse ano também, tive que aprender a ser rejeitada. O Leo, tão rápido e insignificante, fez parte desse ano, após eu não querer mais ele, ele decidiu tomar frente e terminou comigo antes, para, logo em seguida, começar a namorar aquela menina feia. Depois fui rejeitada por aquele Gabriel, da USP, tão rápido quanto veio ele se foi. Depois pelo 1,94. Ah, esse acabou comigo, ele destruiu meu ego, minha confiança, minha vontade. Ele me afetou tanto, que estou ainda lidando com um bloqueio emocional. Depois o Vlad. Que frustração. O Vlad, como eu queria o Vlad, infernos. Gosto doce que rapidamente virou amargo. 

Só rejeição.

Eu não gosto de ser rejeitada, isso fere meu ego mais do que qualquer outra coisa. Eu não compreendo, na verdade compreendo bem até. Eu não ACEITO, eu não aceito que possam não me querer.

Devo estar colhendo meu karma.

Fica pra 2023 a missão de trabalhar meus traumas, meu bloqueio emocional, minha compreensão do que é ser rejeitada.

Afinal, ser rejeitada, nada mais é do que saber que eu tentei, que eu me joguei, que eu tive coragem e fui atrás do que eu queria. Só faltou a teimosia e a persistência aceitarem e entenderem a hora de desistir. Me humilhar um pouco menos.


A LIÇÃO DE 2022 FOI - espere, mas espere vivendo.

OBRIGADA PELO MELHOR E MAIS PROFUNDO ANO DA MINHA VIDA. Até hoje.